A segunda mesa da oficina de reflexo sobre a importncia dos bancos pblicos, realizada pelo Comando Nacional dos Bancrios, na quinta-feira (30), na sede da Confederao Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), em So Paulo, mostrou que empresa pblica nem sempre ineficiente, assim como as privadas nem sempre so eficientes. A ex-presidente da Caixa Econmica Federal, Maria Fernanda Ramos Coelho, e Carlos Alberto Netto, que foi diretor estatutrio do Banco do Brasil por sete anos, contriburam com a reflexo.
Maria Fernanda citou diversos ataques que so desferidos contra os bancos pblicos e disse que precisamos mostrar porqu eles acontecem.“Querem que a Caixa devolva ao Tesouro (Nacional) todos os recursos emprestados ao banco, que poderiam ser devolvidos em at 60 anos, para descapitaliz-lo e desenquadr-lo das regras de Basilia. A tero justificativa para a privatizao”, disse.
Para ela, o ataque mais grave talvez seja o que est sendo aplicado contra o FGTS. “O fundo muito bem gerido pala Caixa. Acredito que todos aqui se lembram de como era a gesto do FGTS antes de ser centralizado na Caixa. Mas, dizem que a Caixa ineficiente para poder transferir a istrao dos recursos para dos bancos privados”, completou.
Netto levantou o histrico do Banco do Brasil, desde quando o BB mudou seu foco de atuao de banco de fomento para comercial. Lembrou que o banco enfrentou alguns problemas, mas, aps ser capitalizado, em 1994, ou a dar resultado positivo para o Tesouro Nacional.
O ex-gestor do BB citou ainda uma recente declarao de Jens Arnold, economista snior daOrganizao para a Cooperao e DesenvolvimentoEconmico (OCDE), para a BBC. Jens disse que “contanto que ela tenha bons resultados e governana, no se pode dizer que a empresa pblica um excesso.”
Privatizao 6d5p4b
Por isso, para Netto, a privatizao no a melhor sada. “Uma empresa pblica pode ser referncia em gesto. E o fato de uma empresa ser privada no garante que ela seja melhor gerida”, lembrando que 40% dos bancos europeus so pblicos, casos da Frana e Alemanha. Inclusive o nmero de bancos pblicos na Europa e EUA cresceu depois da crise de 2008.
O gestor do BB tambm falou sobre o risco de vender reas que representam ocoredo banco. “ isso o que interessa para o comprador. Mas, ao longo do tempo, pode ficar apenas a ‘casca’ da empresa, com baixo valor de mercado e nus para o Tesouro”, observou.
Ao concluir sua fala, Netto questionou aos participantes sobre como harmonizar os efeitos do Estado acionista com os do Estado gestor, j que se crtica a capacidade de gesto. “A resposta est no aperfeioamento e melhoria da governana. Ainda h muito por fazer neste sentido, apesar do grande avano dos ltimos anos.”
Mitos 1d1j1d
Aps as intervenes do plenrio, o ex-gestor do BB deu algumas sugestes para o prosseguimento do debate, Netto concluiu sua fala com argumentos que derrubam alguns mitos sobre os bancos pblicos.
I. Bancos pblicos so mais arriscados
As ltimas crises econmicas mostraram o contrrio em nvel global.
II. Bancos pblicos no podem competir com bancos privados
Na verdade, competir com empresas pblicas que oferecem melhores taxas com servios melhores incomoda. Eis a questo. O mercado j bastante concentrado. bom para o cliente ter mais opes. E nas atividades menos rentveis?
III. Bancos pblicos no so to eficazes quanto bancos privados
No seria mais adequado discutir a gesto pblica do Estado e como moderniz-la, ao invs de vender o patrimnio pblico que d lucro?
IV. Bancos pblicos so comandados por lideranas polticas
Essas mesmas lideranas polticas sabero gerir a ausncia dos resultados gerados de forma perene por empresa superavitria a partir da venda dos seus ativos? Resultado perene para o caixa do Tesouro melhor do que resultado de curto prazo, com perda de receita gerada pela empresa.
Fonte:Contraf-CUT