Juntos, Ita Unibanco, Bradesco e Santander tiveram resultado lquido contbil de R$ 11,6 bilhes no 1 trimestre, superior registrada no mesmo intervalo do ano ado (Aline Bronzati)

A expectativa de aumento de provises para devedores duvidosos nos grandes bancos, as chamadas PDDs, se confirmou no primeiro trimestre. Esse movimento ocorreu em meio a um maior pedido de recuperaes judiciais e da reviso de ratings de grandes empresas, a reboque da Operao Lava Jato. As provises so reservas feitas pelos bancos para proteger o patrimnio de futuras perdas relacionadas a emprstimos concedidos.

O aumento dessas despesas e a piora sazonal da inadimplncia de curto prazo na pessoa fsica no impediram, contudo, que os bancos privados mantivessem o crescimento do lucro na casa de dois dgitos no primeiro trimestre, como j esperavam analistas do mercado. Juntos, Ita Unibanco, Bradesco e Santander tiveram resultado lquido contbil de R$ 11,6 bilhes no perodo, cifra 18% superior registrada no mesmo intervalo do ano ado. No critrio ajustado, o lucro foi a R$ 10,76 bilhes, alta de 17,3%.

Contaram a favor dos grandes bancos privados as margens financeiras melhores tanto com clientes, por juros maiores, como com o mercado, que reflete as operaes de tesouraria, receitas de servios e tarifas crescentes. Essa continuou sendo a tnica de crescimento na pessoa fsica, com consignado (com desconto em folha) e imobilirio entre os destaques do trimestre.

O grande impulso para a carteira em geral veio, principalmente, das grandes empresas, que tm renegociado dvidas em um cenrio afetado no s por Lava Jato, mas tambm pelas condies macroeconmicas. O Santander foi o que mais cresceu em crdito no primeiro trimestre, com avano de 4,60% ante o trimestre anterior e 18,0% no ano. Ita, que divulgou resultados na tera-feira, apresentou crescimentos de 3,40% e 13,80%, respectivamente. O Bradesco teve a menor expanso, de 1,8% no trimestre e 7,2%, mas decidiu manter as projees.

Do lado dos calotes, considerando os atrasos acima de 90 dias, ainda foi vista melhora, com exceo do Bradesco, mas analistas demonstraram preocupao com a qualidade dos ativos. O alerta vem como consequncia de um forte reforo nas provises e uma inadimplncia de curto prazo acima do previsto. O saldo de PDDs de Ita, Bradesco e Santander subiu 2,1% no primeiro trimestre ante o quarto, para cerca de R$ 66 bilhes. Em 12 meses, a expanso foi de 7,4%. Como consequncia, as despesas com provises aumentaram quase 9% e 15%, respectivamente.

O crescimento poderia ter sido maior no fosse a colheita de frutos um pouco mais tardia por parte do Santander, devido mudana de mix e priorizao de segmentos de menor risco. J o Ita conseguiu reduzir os calotes pelo 11 trimestre, mas elevou sua expectativa para os gastos com PDDs no ano. O banco espera que essas despesas fiquem entre R$ 15 bilhes e R$ 18 bilhes, e no mais de R$ 13 bilhes a R$ 15 bilhes.

Expectativa
No foram somente as previses para PDDs que o banco revisou. Todas as expectativas para 2015, que haviam sido divulgadas no incio do ano, foram alteradas. Crdito deve crescer de 3% a 7%, e no mais de 6% a 9%. Gastos operacionais devem crescer mais que o previsto, mas receitas e as margens devem ser mais fortes neste ano. imprensa, Marcelo Kopel, diretor de Relaes com Investidores do Ita Unibanco, explicou que a reviso do cenrio macroeconmico no Brasil obrigou o banco a revisar suas projees.

"Quando divulgamos a expectativa original, o cenrio macro era razoavelmente diferente do que tem hoje e tnhamos algum crescimento da economia, mesmo que baixo. Como mudou no primeiro trimestre, tivemos de ar novamente nossas premissas e fazer mudanas", explicou ele, em teleconferncia, descartando novas revises ao longo de 2015.

Os grandes bancos mantiveram retornos sobre o patrimnio lquido mdio (ROE) elevados no primeiro trimestre, com melhora por parte de Ita e Santander. O Bradesco teve leve queda, mas acredita que consegue chegar ao fim do ano com rentabilidade acima dos 20%. Analistas do mercado temem, porm, que a combinao de provises maiores e crdito crescendo pouco sejam uma ameaa para o retorno dos grandes bancos. Para Marcelo Telles, Daniel Magalhes, Victor Schabbel e Alonso Garca, do Credit Suisse, a temporada de revises de lucros para cima est chegando ao fim. (Fonte: Estado)