
Banco cortar 2% de sua fora de trabalho, especialmente cargos de chefia. Avano das fintechs, Brexit e guerra comercial ameaam o setor financeiro tradicional, que resiste(Por Jaqueline Mendes)
No est fcil a vida dos bancos tradicionais. Com o surgimento das fintechs e de uma srie de empresas focadas em servios financeiros, as instituies que durante dcadas tiveram caminho livre para crescer enfrentam agora o aumento da concorrncia e o desejo cada vez maior dos consumidores – especialmente os mais jovens – por produtos e servios inovadores.
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Nesta segunda-feira (5/8), o britnico HSBC, fundado em 1865 e uma das instituies financeiras mais importantes da Europa, anunciou a demisso de 4 mil funcionrios, o equivalente a 2% de sua fora de trabalho. Segundo informaes de Ewen Stevenson, diretor financeiro do banco, os desligamentos sero concentrados em cargos de chefia e custaro aos cofres do banco entre R$ 2,5 bilhes e R$ 2,7 bilhes.
O anncio do plano de reestruturao da empresa trouxe ainda outra surpresa: John Flint, que desde fevereiro de 2018 ocupava o cargo de diretor-geral do banco, pediu demisso do cargo sem justificar as reais motivaes para a sada. “Flint abandona suas responsabilidades dirias, mas permanece disponvel para auxiliar o banco em sua transio”, disse o HSBC por meio de nota. Funcionrio desde 1989, Flint liderou a expanso do banco no mercado asitico.
O prprio comunicado emitido pelo banco sinaliza os tempos difceis que viro pela frente. “Em um ambiente mundial cada vez mais complexo e exigente em que opera o banco, o conselho de istrao acredita que a mudana necessria para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que teremos”, afirmou o presidente do grupo, Mark Tucker.
Sediado em Londres, o HSBC enfrentar problemas que vo alm das fintechs. Segundo uma anlise feita pelo banco, os desdobramentos do Brexit, como chamada a retirada do Reino Unido da Unio Europeia, devero trazer dificuldades adicionais, alm do avano da guerra comercial entre Estados Unidos e China, que afetaro os negcios do HSBC no mercado asitico. Em 2018, a sia foi responsvel por 90% dos lucros do banco, o que representou uma participao recorde.
No domingo, um dia antes do anncio do programa de reestruturao, o banco havia divulgado o seu balano financeiro, que veio em linha com as expectativas do mercado. No primeiro semestre, a instituio registrou lucro lquido de US$ 8,507 bilhes, um aumento de 18,6% em relao aos seis primeiros meses de 2018, quando embolsou US$ 7,173 bilhes.
No primeiro semestre, o lucro por ao – aquele que interessa aos investidores – subiu 16,6%, enquanto as receitas aumentaram 7,64%. O banco tambm informou que pretende realizar “em breve” um processo de recompra de aes no valor total de US$ 1 bilho.
No Brasil, a operao do HSBC foi comprada pelo Bradesco em 2016, por R$ 16 bilhes, e a marca deixou de existir no varejo. Recentemente, o HSBC informou que pretende voltar a ter corretora no mercado brasileiro, chegando inclusive a pedir que a sua licena de banco de investimento seja ampliada para uma licena de banco mltiplo, o que permitiria oferecer mais servios aos clientes.
No h motivos, pelo menos por enquanto, para os grandes bancos reclamarem do mercado brasileiro. Os balanos divulgados nos ltimos dias trouxeram novamente fortes resultados, apesar da crescente desconfiana do mercado.
Juntos, Ita Unibanco, Bradesco e Santander lucraram R$ 17,131 bilhes no segundo trimestre, o que representou um aumento expressivo de 17,6% em relao ao mesmo perodo do ano ado. O interessante que a taxa de crescimento foi superior observada no trimestre anterior, quando o resultado consolidado dos trs principais bancos privados brasileiros avanou 15,43%. No mercado, consenso que as fintechs revolucionaro o setor financeiro. Resta saber quais instituies sero capazes de resistir aos novos tempos. (Fonte: Correio Braziliense)