Os custos com planos de sade corporativos (contratados pelas empresas para seus funcionrios) no Brasil neste ano devem subir quatro vezes mais que a inflao e ficar bem frente de outros pases. Segundo levantamento da empresa de seguros e avaliao de riscos Aon, a alta mdia no Brasil deve ser de 17%. Isso representa quase o triplo da China (6%) e do Canad (6%), por exemplo.

No significa que o seu plano v necessariamente aumentar os 17%. O percentual exato varia de caso a caso, porque as empresas costumam absorver parte dos custos, mas um reajuste sempre reado aos funcionrios. Outra opo sua empresa trocar de plano e manter os valores originais ou dar um aumento menor.

A elevao de preos estimada pela Aon no Brasil superior de pases como China (6%), ndia (9%), Rssia (11%), Estados Unidos (6,5%), Canad (6%), Reino Unido (6%), Alemanha (5%) e Mxico (13%), entre outros, aponta o estudo. Na Amrica Latina e Caribe, o Brasil deve ser superado apenas por Argentina (25%) e Venezuela (100.000%).

A Abramge (Associao Brasileira de Planos de Sade) disse que a taxa projetada pela Aon para o Brasil est dentro das expectativas da entidade.

Quatro vezes mais que a inflao
O aumento de custos no Brasil previsto no estudo mais de quatro vezes superior inflao prevista para este ano (4,04% pelo IPCA, segundo o mais recente Boletim Focus do Banco Central).

Nos ltimos trs anos, a alta foi de 52,9% (em 2016, 16,7%; em 2017, 17,2%; e em 2018, 19%), bem acima dos 14,8% da inflao nesse mesmo perodo.

Alta deve ser reada a funcionrios
Nos ltimos dois anos, mais da metade das empresas comeou a rear parte desse aumento para seus funcionrios, segundo Rafaella Matioli, diretora de Consultoria de Benefcios da Aon Brasil. Outra tendncia que comea a crescer entre as empresas cobrar uma parcela fixa para cada um dos dependentes de seus empregados.

"Os planos de sade no Brasil aram de uma atividade apenas suplementar para quase 100% de atendimento privado, porque a sade pblica no atende mais demanda. praticamente o contrrio do que ocorre em pases europeus, por exemplo", disse. Segundo a Aon, os aumentos nos planos so "tecnicamente necessrios para lidar com a inflao estimada nos preos, com os avanos tecnolgicos na rea mdica, com os padres de utilizao dos planos e com transferncia do custo de programas sociais para seguros privados, incluindo planos patrocinados por empresas em cada pas analisado".

Marcos Novaes, economista-chefe da Abramge, afirmou que as empresas costumam absorver boa parte dos aumentos, mas tambm negociam alternativas com as operadoras de planos de sade. Entre elas, esto mudanas no produto e/ou alcance do atendimento (uma espcie de "rebaixamento" nos planos) e a criao de consultrios dentro das empresas para programas de preveno.

Planos de sade so 2 maior custo
Na grande maioria dos casos, os planos de sade corporativos respondem pelo segundo maior custo dentro das empresas, atrs apenas da folha de pagamento dos colaboradores.

Segundo o IESS (Instituto de Estudos de Sade Suplementar), o mercado de planos de sade mdico-hospitalares encerrou o primeiro trimestre deste ano com 47,1 milhes de usurios. Desse universo, 80,5% so de planos coletivos (empresarial e por adeso) e 19,2% tm plano individual ou familiar. O restante 0,3% no informado.

Empresas culpam uso excessivo de recursos
Rafaella, da Aon, disse que um dos principais e maiores fatores que tm pesado no aumento dos custos nos planos de sade no Brasil o uso excessivo de recursos (internaes, consultas, terapias, procedimentos e exames, entre outros) que poderiam ser evitados.

Segundo a Abramge, o Brasil campeo do mundo em ressonncia magntica. "Por ano, so feitas aqui 130 para cada mil beneficirios. Nos pases da Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE), so 52 para cada mil", afirmou Novaes.

Na avaliao dele, esses nmeros mostram os excessos que existem em procedimentos que podiam ser evitados. Uma reduo nisso permitiria reajustes menores nos planos de sade corporativos. (Fonte: UOL)